15/07/2013

Dança como terapia


( zen energy de janeiro 2013)


O Ser tem uma capacidade inata de se reequilibrar, regenerar e transformar, física, psicológica e energeticamente, e o movimento é, sem dúvida, um excelente meio para integrar e trazer à consciência todos estes aspetos que Somos.


O Movimento  foi uma das primeiras formas de expressão artística  e pessoal, e o homem pré-histórico já usava a dança para celebrar o nascimento, curar, lamentar a morte e até mesmo para pedir aos deuses sucesso nas suas caçadas e lutas. No fundo, o ser humano sempre recorreu ao movimento para se conectar com a sua força interior e expressar emoções.



Aos 5/6 anos, quando me lembro de dançar pela primeira vez, sei que experimentei o que é estar fora estando dentro. Recordo-me de uma sensação de estar num mundo à parte, ao mesmo tempo que observava as paredes e objetos, não sabendo se era eu ou eles que se moviam. Senti-me feliz, não me faltava nada, não havia tempo.
Ainda tenho essa sensação hoje. Quando danço, transformo-me em mim mesma, numa criança livre, feliz onde corpo e a alma são um, cada gesto é presença e totalidade. Esqueço a profissional, filha, amiga, o Ego, até a bailarina muitas vezes, e apenas sinto uma eterna presença que me invade e que de forma inteligente trabalha as minhas emoções. A mexer o meu corpo aprendi de forma simples a dizer sim à existência.



Ensino dança há vários anos e essa experiência levou-me a uma grande evolução pessoal e também a uma compreensão mais abragente sobre o indivíduo. É verdade que a forma como nos expressamos corporalmente diz muito sobre o que somos, como comunicamos e como lidamos com os nossos estados emocionais. Aprendi com o ensino e a prática do movimento, a respeitar o outro, a sua dança, o seu espaço de se expressar, sentir e ser. Aprendi também como pode ser extremamente terapêutico criar espaço na vida para a Dança.
Existem várias formas de criar este espaço, desde a forma mais natural, através do movimento livre ou recorrendo a aulas de dança, meditações ativas ou até como psicoterapia.



Vários psicólogos e terapeutas integraram o movimento como base do seu método de tratamento. A Dança Movimento Terapia (DMT) faz parte das terapias expressivas  e nasce da união entre a dança e a psicologia. Esta modalidade tem vindo a revelar-se um excelente recurso para o auto-conhecimento, uma vez que utiliza o movimento, e não a palavra, como principal meio de comunicação, promovendo a integração emocional, cognitiva, física e social no indivíduo. 
É fascinante observar como os nossos padrões de movimento refletem padrões de pensamentos e emoções e partindo do princípio que somos um todo integrado, é possível que o movimento corporal conduza a grandes mudanças psicológicas.

A meditação ou rituais como o “Trance Dance” também são excelentes formas de criar espaço para a dança na nossa vida e abrir um portal para viagens ao nosso mundo interior. O “Trance Dance” é um ritual onde os sons de cura, ritmos tribais e dinâmicos, criam um ambiente propício, sem olhares ou julgamentos, para uma profunda e ligação connosco, onde os pensamentos quotidianos são “varridos” da nossa mente e insights importantes ganham espaço para surgir.


As meditações ativas de OSHO são uma outra forma de dançar e ao mesmo tempo aliviar a tensão quotidiada, onde quase não temos tempo para existir! Para OSHO, este pensador dos tempos modernos, a “dança torna-se meditação quando dançamos tão profundamente que nos esquecemos que estamos a dançar e começamos a sentir que somos a própria dança, o próprio movimento”. 



Mas também é possível viver a dança de uma forma mais leve e fazer grandes progressos a nível pessoal e social. Frequentar aulas de dança, quer sejam modalidades de dança a solo ou a par, tem um efeito terapêutico sempre! Da minha experiência constato que cada pessoa tem uma motivação que a leva a entrar numa sala de aula: o gosto pela arte de dançar; um escape para aliviar o stress do trabalho; procurar de alguma forma afirmar-se; integrar-se num grupo de pessoas; encontrar o amor... São inúmeras as motivações, mas existe algo comum a todos: a auto-estima é automaticamente trabalhada através do contato com o corpo, com o espelho e com o próprio grupo em si. Daí que, nos tempos em que vivemos, a dança esteja cada vez mais em foco na TV e existam cada vez mais pessoas a procurar a esta modalidade como forma de partilhar momentos de bem estar, satisfação e aceitação.





Acredito que cada vez mais necessitamos de nos reequilibrar, de nos refefinir, de nos ligarmos com o que Somos e muitas vezes o que nos falta é saber como o fazer, para mim a resposta é: DANCE! Dance as raivas, a dor do trauma, a felicidade, as emoções do dia a dia, os seus desejos mais profundos. Dance e sinta o que isso faz à sua vida.

Recomendações:

  • Dance e cante pela manha, enquanto se prepara para sair, isso fará a diferença no seu dia;

  • Se vive sozinho e está sem atividade física, procure uma modalidade que lhe ressoe e inscreva-se numa aula, integre-se num grupo e encontre novas caras;

  • Dance quando chegar a casa zangado ou stressado, coloque música alta e faça uma “descarga” durante 20 minutos;

  • Crie um momento diário em casa para ouvir música, sinta como ela de forma inteligente interage com o seu corpo, mente e emoções e entre no seu mundo por uns minutos;

  • Experimente  meditações ativas ou o ritual “Trance Dance”;

  • Dance com o seu parceiro, crie um momento a dois e divirta-se;

  • Se tem filhos fomente a expressão através do movimento; 

  • Saia à noite para dançar com alguma frequência;

  • A vida é uma dança, começe hoje a dançar a sua Vida!

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